Estresse no Trabalho
A natureza do trabalho está mudando a uma
velocidade vertiginosa. Talvez agora mais do que nunca, o estresse no
trabalho representa uma ameaça para a saúde dos trabalhadores e, por sua vez,
para as organizações de saúde.
Esta publicação destaca o conhecimento sobre as
causas do estresse no trabalho e descreve medidas que podem ser tomadas para
prevenção.
O que é estresse no trabalho?
O estresse no trabalho pode ser definido como as
respostas físicas e emocionais prejudiciais que ocorrem quando os requisitos do
trabalho não correspondem às capacidades, recursos ou necessidades do
trabalhador. O estresse no trabalho pode causar problemas de saúde e até
lesões.
O conceito de estresse no trabalho é
frequentemente confundido com desafio, mas esses conceitos não são os
mesmos. O desafio nos energiza psicológica e fisicamente e nos motiva a
aprender novas habilidades e dominar nosso trabalho. Quando um desafio é
enfrentado, nos sentimos relaxados e satisfeitos. Assim, o desafio é um
ingrediente importante para um trabalho saudável e produtivo. A
importância do desafio em nossa vida profissional é provavelmente o que as
pessoas se referem quando dizem “um pouco de estresse faz bem.
Quase todos concordam que o estresse no trabalho
resulta da interação do trabalhador e das condições de trabalho. As
opiniões divergem, no entanto, sobre a importância das características dos trabalhadores versus as condições de trabalho como
a principal causa do estresse no trabalho. Esses pontos de vista
divergentes são importantes porque sugerem diferentes maneiras de prevenir o
estresse no trabalho.
De acordo com uma escola de pensamento, as
diferenças nas características individuais, como a personalidade e o estilo de
lidar com a situação, são mais importantes para prever se determinadas
condições de trabalho resultarão em estresse – por outras palavras, o que é estressante
para uma pessoa pode não ser um problema para outra. Este ponto de vista
conduz a estratégias de prevenção que se centram nos trabalhadores e em formas
de os ajudar a lidar com condições de trabalho exigentes.
Embora a importância das diferenças individuais
não possa ser ignorada, as evidências científicas sugerem que certas condições
de trabalho são estressantes para a maioria das pessoas. As exigências
excessivas de carga de trabalho e as expectativas conflitantes são bons
exemplos. Tais evidências defendem uma maior ênfase nas condições de
trabalho como a principal fonte de estresse no trabalho e uma reformulação do
trabalho como estratégia de prevenção primária.
Condições de trabalho que podem
causar estresse
Planejamento das Tarefas. Carga
de trabalho pesada, pausas pouco frequentes para descanso, longas horas de
trabalho e trabalho em turnos; tarefas agitadas e rotineiras que têm pouco
significado inerente, não utilizam as habilidades dos trabalhadores e
proporcionam pouca sensação de controle.
Estilo de gestão. Falta
de participação dos trabalhadores na tomada de decisões, má comunicação na
organização, falta de políticas favoráveis à família.
Relações interpessoais. Ambiente
social ruim e falta de apoio ou ajuda de colegas de trabalho e supervisores.
Funções de trabalho. Expectativas
de trabalho conflitantes ou incertas, muita responsabilidade.
Preocupações com a
carreira. Insegurança no emprego e falta de
oportunidades de crescimento, avanço ou promoção; mudanças rápidas para as
quais os trabalhadores não estão preparados.
Condições ambientais. Condições
físicas desagradáveis ou perigosas, como aglomeração, ruído, poluição do ar
ou problemas ergonômicos.
Exemplos
de fatores individuais e situacionais que podem ajudar a reduzir os efeitos de
condições de trabalho estressantes incluem o seguinte:
- Equilíbrio entre
trabalho e vida familiar ou pessoal
- Uma rede de apoio
de amigos e colegas de trabalho
- Uma perspectiva
descontraída e positiva
Estresse e saúde no trabalho
O
estresse dispara um alarme no cérebro, que responde preparando o corpo para uma
ação defensiva. O sistema nervoso é estimulado e hormônios são liberados
para aguçar os sentidos, acelerar o pulso, aprofundar a respiração e tensionar
os músculos. Esta resposta (às vezes chamada de resposta de luta ou fuga)
é importante porque nos ajuda a nos defender contra situações
ameaçadoras. A resposta é pré-programada biologicamente. Todos
respondem da mesma maneira, independentemente de a situação estressante ser no
trabalho ou em casa.
Episódios
de estresse de curta duração ou pouco frequentes representam pouco
risco. Mas quando situações estressantes não são resolvidas, o corpo é
mantido em constante estado de ativação, o que aumenta a taxa de desgaste dos
sistemas biológicos. Em última análise, o resultado é fadiga ou danos, e a
capacidade do corpo de se reparar e se defender pode ficar seriamente
comprometida. Como resultado, o risco de lesões ou doenças aumenta.
Nos
últimos 20 anos, muitos estudos analisaram a relação entre o estresse no
trabalho e uma variedade de doenças. Distúrbios do humor e do sono, dores
de estômago e dor de cabeça e relacionamentos perturbados com a família e
amigos são exemplos de problemas relacionados ao estresse que se desenvolvem
rapidamente e são comumente observados nesses estudos. Esses primeiros
sinais de estresse no trabalho geralmente são fáceis de reconhecer. Mas os
efeitos do estresse profissional nas doenças crônicas são mais difíceis de
detectar porque as doenças crônicas demoram muito tempo a desenvolver-se e
podem ser influenciadas por muitos outros fatores para além do estresse. No
entanto, acumulam-se rapidamente evidências que sugerem que o stress desempenha
um papel importante em vários tipos de problemas crônicos de saúde –
especialmente doenças cardiovasculares, distúrbios musculoesqueléticos e
distúrbios psicológicos.
O que pode ser feito em relação ao estresse no trabalho?
Gerenciamento de
estresse
Os
programas de gestão do estresse ensinam aos trabalhadores a natureza e as
fontes do estresse, os efeitos na saúde e as competências pessoais para reduzir
o estresse – por exemplo, gestão do tempo ou exercícios de relaxamento.
O
treinamento em gerenciamento de estresse pode reduzir rapidamente os sintomas,
como ansiedade e distúrbios do sono; também tem a vantagem de ser barato e
fácil de implementar. No entanto, os programas de gestão do estresse têm
duas desvantagens principais:
- Os efeitos benéficos sobre os
sintomas de estresse costumam ser de curta duração.
- Muitas vezes
ignoram importantes causas profundas do stress porque se concentram no
trabalhador e não no ambiente.
Mudança Organizacional
Envolve
a identificação de aspectos estressantes do trabalho (por exemplo, carga de
trabalho excessiva, expectativas conflitantes) e o desenho de estratégias para
reduzir ou eliminar os estressores identificados. A vantagem desta
abordagem é que ela lida diretamente com as causas profundas do estresse no
trabalho. Contudo, os gestores por vezes sentem-se desconfortáveis com
esta abordagem porque pode envolver mudanças nas rotinas de trabalho ou nos
horários de produção, ou mudanças na estrutura organizacional.
Regra
geral, as ações para reduzir o estresse no trabalho devem dar prioridade máxima
à mudança organizacional para melhorar as condições de trabalho. Mas é
pouco provável que mesmo os esforços mais conscientes para melhorar as
condições de trabalho eliminem completamente o estresse de todos os
trabalhadores. Por esta razão, uma combinação de mudança organizacional e
gestão do estresse é muitas vezes a abordagem mais útil para prevenção.
Prevenindo o estresse no trabalho: uma abordagem abrangente
Como mudar a organização para prevenir o estresse no trabalho
- Certifique-se de
que a carga de trabalho esteja alinhada com as capacidades e recursos dos
trabalhadores.
- Projete empregos
para fornecer significado, estímulo e oportunidades para os trabalhadores
usarem suas habilidades.
- Defina claramente
as funções e responsabilidades dos trabalhadores.
- Dar aos
trabalhadores oportunidades de participarem nas decisões e ações que afetam os
seus empregos.
- Melhorar as
comunicações – reduzir a incerteza sobre o desenvolvimento da carreira e as
perspectivas futuras de emprego.
- Proporcionar
oportunidades de interação social entre os trabalhadores.
- Estabeleça horários de trabalho compatíveis com demandas e responsabilidades
externas ao trabalho.
Prevenindo o estresse no trabalho – Primeiros passos
Não
existem abordagens padronizadas ou manuais simples de “como fazer” para
desenvolver um programa de prevenção do estresse. A concepção do programa
e as soluções apropriadas serão influenciadas por vários fatores – o tamanho e
a complexidade da organização, os recursos disponíveis e, especialmente, os
tipos únicos de problemas de stress enfrentados pela organização.
Embora
não seja possível dar uma prescrição universal para a prevenção do estresse no
trabalho, é possível oferecer orientações sobre o processo de prevenção do
estresse nas organizações. Em todas as situações, o processo dos programas
de prevenção do estresse envolve três etapas distintas: identificação do
problema, intervenção e avaliação.
Para
que este processo seja bem-sucedido, as organizações precisam estar
adequadamente preparadas. No mínimo, a preparação para um programa de
prevenção do estresse deve incluir o seguinte:
- Construir uma
consciência geral sobre o estresse no trabalho (causas, custos e controle)
- Garantir o
compromisso e o apoio da alta administração para o programa
- Incorporar a
opinião e o envolvimento dos funcionários em todas as fases do programa
- Estabelecer a capacidade técnica para conduzir o programa (por
exemplo, formação especializada para o pessoal interno ou utilização de
consultores de estresse no trabalho)
Reunir
trabalhadores ou trabalhadores e gestores num comitê ou grupo de resolução de
problemas pode ser uma abordagem especialmente útil para desenvolver um
programa de prevenção do stress.
Passos para a prevenção
Moral
baixo, reclamações de saúde e de trabalho e rotatividade de funcionários
costumam fornecer os primeiros sinais de estresse no trabalho. Mas às
vezes não há pistas, especialmente se os funcionários têm medo de perder o
emprego. A falta de sinais óbvios ou generalizados não é uma boa razão
para descartar preocupações sobre o estresse no trabalho ou minimizar a
importância de um programa de prevenção.
Etapa 1 - Identifique
o problema. O melhor método para explorar o âmbito e a
origem de um problema suspeito de estresse numa organização depende, em parte,
da dimensão da organização e dos recursos disponíveis. As discussões em
grupo entre gestores, representantes trabalhistas e funcionários podem fornecer
fontes ricas de informações. Tais discussões podem ser tudo o que é
necessário para localizar e remediar problemas de stress numa pequena empresa. Numa
organização maior, tais discussões podem ser usadas para ajudar a conceber
inquéritos formais para recolher informações sobre condições de trabalho estressantes
de um grande número de funcionários.
Independentemente do método utilizado para coletar dados, devem ser obtidas informações sobre as percepções dos funcionários sobre suas condições de trabalho e os níveis percebidos de estresse, saúde e satisfação.
- Realize discussões
em grupo com os funcionários.
- Elabore uma
pesquisa com funcionários.
- Meça as percepções
dos funcionários sobre as condições de trabalho, estresse, saúde e satisfação.
- Colete dados
objetivos.
- Analise dados para identificar locais problemáticos e condições de
trabalho estressantes.
Medidas
objetivas, como absenteísmo, doenças e taxas de rotatividade, ou problemas de
desempenho também podem ser examinadas para avaliar a presença e a extensão do
estresse no trabalho. Contudo, estas medidas são apenas indicadores
aproximados de stress no trabalho – na melhor das hipóteses.
Os
dados provenientes de discussões, inquéritos e outras fontes devem ser
resumidos e analisados para responder a questões sobre a localização de um
problema de stress e as condições de trabalho que podem ser responsáveis -
por exemplo, os problemas estão presentes em toda a organização ou confinados a
departamentos individuais ou a empregos específicos?
O
desenho da pesquisa, a análise de dados e outros aspectos de um programa de
prevenção do estresse podem exigir a ajuda de especialistas de uma universidade
local ou de uma empresa de consultoria. Contudo, a autoridade geral para o
programa de prevenção deve permanecer na organização.
Passo 2 - Conceber e
implementar intervenções. Uma
vez identificadas as fontes de stress no trabalho e compreendida a dimensão do
problema, está preparado o cenário para a concepção e implementação de uma
estratégia de intervenção.
Nas
pequenas organizações, as discussões informais que ajudaram a identificar
problemas de stress também podem produzir ideias frutíferas para a prevenção. Em
grandes organizações, pode ser necessário um processo mais formal. Frequentemente,
uma equipe é solicitada a desenvolver recomendações baseadas na análise dos
dados da Etapa 1 e na consulta a especialistas externos.
- Fonte alvo de estresse para mudança.
- Propor e priorizar estratégias de
intervenção.
- Comunicar as intervenções planejadas
aos funcionários.
- Implementar
intervenções.
Certos
problemas, como um ambiente de trabalho hostil, podem estar presentes na
organização e exigir intervenções em toda a empresa. Outros problemas,
como a carga de trabalho excessiva, podem existir apenas em alguns
departamentos e, portanto, exigir soluções mais restritas, como a reformulação
da forma como um trabalho é executado. Ainda outros problemas podem ser
específicos de determinados colaboradores e resistentes a qualquer tipo de
mudança organizacional, exigindo, em vez disso, intervenções de gestão do estresse
ou de assistência aos colaboradores. Algumas intervenções podem ser
implementadas rapidamente (por exemplo, melhor comunicação, formação em gestão
de estresse), mas outras podem exigir mais tempo para serem implementadas (por
exemplo, reformulação de um processo de produção).
Passo 3 - Avalie as
Intervenções. A avaliação é uma etapa essencial no processo
de intervenção. A avaliação é necessária para determinar se a intervenção
está a produzir os efeitos desejados e se são necessárias mudanças de direção.
- Realize avaliações de curto e longo
prazo.
- Meça as percepções dos funcionários
sobre as condições de trabalho, estresse, saúde e satisfação.
- Meça as percepções dos funcionários
sobre as condições de trabalho, estresse, saúde e satisfação.
- Incluir medidas objetivas.
- Refine a estratégia
de intervenção e volte ao Passo 1.