Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR): Fatores de Risco e Prevenção
A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é uma das doenças ocupacionais mais comuns e, ao mesmo tempo, uma das mais preveníveis. Trata-se de uma alteração auditiva irreversível, decorrente da exposição prolongada e frequente a níveis elevados de ruído no ambiente de trabalho. A PAIR pode comprometer seriamente a qualidade de vida do trabalhador, interferindo em sua comunicação, desempenho profissional, convívio social e saúde mental.
Fatores de Risco
Os principais fatores que influenciam o risco de desenvolver PAIR estão relacionados às características do ruído, à duração da exposição e à vulnerabilidade individual de cada trabalhador. De acordo com Harger e Barbosa-Branco (2004), aspectos como o tipo de ruído, o espectro sonoro e o nível de pressão sonora são determinantes importantes. Quanto mais intenso e contínuo for o ruído, maior será o dano auditivo ao longo do tempo.
O risco se torna significativamente alto quando a exposição ultrapassa 85 decibéis (dB A) durante uma jornada de trabalho de oito horas diárias (Brasil, 2006). Além disso, embora ruídos intermitentes causem menos danos do que os contínuos, exposições curtas a ruídos muito intensos também podem provocar lesões auditivas imediatas, dependendo das circunstâncias.
Outro fator essencial a ser considerado é o uso de protetores auditivos. Não basta apenas constatar seu uso: é necessário avaliar se a proteção foi realmente eficaz para a intensidade e a natureza do ruído a que o trabalhador foi submetido. Isso envolve verificar a adequação do equipamento, as condições reais de exposição e as características individuais do trabalhador, como idade, histórico de saúde e sensibilidade auditiva.
Além do ruído em si, outros fatores ambientais e organizacionais podem potencializar os efeitos da exposição sonora, como a presença de vibração, calor excessivo e substâncias químicas no local de trabalho. A interação entre esses agentes pode agravar ainda mais os riscos à saúde auditiva, reforçando a importância de uma abordagem ampla e integrada da vigilância em saúde (Brasil; OPAS, 2001).
Para informações técnicas mais detalhadas, recomenda-se a leitura do Protocolo de Complexidade Diferenciada para PAIR (Brasil, 2006), que orienta o diagnóstico, a vigilância e o cuidado integral ao trabalhador exposto a ruídos ocupacionais.
Medidas de Prevenção e Controle
A única maneira de evitar a PAIR é por meio da prevenção contínua e efetiva. Para isso, é fundamental que as empresas adotem medidas tanto de caráter coletivo quanto individual, sempre com o apoio técnico de profissionais de segurança e saúde do trabalho. Entre as principais estratégias, destacam-se:
- Substituição ou modificação de tecnologias e processos produtivos, visando à eliminação ou à significativa redução das fontes de ruído.
- Isolamento acústico de máquinas e equipamentos, por meio do enclausuramento ou barreiras físicas, para impedir que o ruído se propague nos ambientes laborais.
- Monitoramento ambiental periódico, com medições regulares dos níveis de pressão sonora e avaliação das condições reais de exposição.
- Vigilância contínua do processo de trabalho, identificando situações críticas e adotando medidas corretivas sempre que necessário.
- Distribuição e orientação sobre o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), com foco na escolha dos protetores auditivos mais adequados a cada situação.
- Capacitação dos trabalhadores e gestores, promovendo uma cultura de prevenção, valorizando a escuta ativa sobre os riscos e incentivando o cuidado mútuo.
A saúde auditiva é um direito de todo trabalhador. A atuação conjunta entre empresas, serviços de saúde e instituições como o CEREST é essencial para garantir ambientes de trabalho mais seguros, humanos e sustentáveis.
Fonte:
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 6. ed. rev. v. 3. Brasília: Ministério da Saúde, 2024